Questionários para Inquérito de Necessidades de Formação na Utilização das TIC na Educação de Alunos com Necessidades Educativas Especiais

21 07 2009

No âmbito do trabalho de investigação do Laboratório de Conteúdos Digitais, do Centro de Investigação em Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, foram lançados a nível nacional, na passada segunda-feira dia 20 de Julho de 2009, dois questionários para levantamento de necessidades de formação em TIC em NEE. Pretende-se aferir as necessidades de formação dos Docentes de Educação Especial (DEE), de Apoio Educativo (DAE) e dos Coordenadores TIC/PTE (Plano Tecnológico da Educação) na utilização das TIC na Educação de Alunos do Ensino Básico com NEE. Um primeiro questionário procura identificar as carências de formação em TIC para os DEE e DAE e, o segundo, a formação em NEE essencial para Coordenadores TIC/PTE que se podem deparar com a possibilidade de prestar apoio técnico e pedagógico a alunos que dependem da utilização das TIC para a sua educação.
Os referidos questionários estão disponíveis em formato electrónico nos endereços:
– Para DEE e DAE – http://wsl2.cemed.ua.pt/jaime/dae.asp
– Para Coord. TIC/PTE – http://wsl2.cemed.ua.pt/jaime/coo.asp
 
Será igualmente disponibilizado uma versão em papel do questionário para os DEE e DAE.
Para qualquer esclarecimento, por favor contactem jaimeribeiro@ua.pt Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ou para os telefones:
– 234 372 425
– 914 406 196
– 965 216 568
 
Participe e divulgue esta informação. Vamos todos contribuir para um melhor atendimento aos alunos com NEE que necessitam das TIC para o acesso e participação na sua educação.
 
Agradecemos a disseminação desta informação para o público a que se destina.





Plenário de Professores do AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE CASTRO DAIRE

12 02 2009

Na terça-feira dia 10 de Fevereiro, e a pedido de muitos colegas que, mesmo tendo assinado a primeira moção de repúdio a este modelo de avaliação, se sentem algo desorientados ou indecisos, devido à confusão que se instalou, em que parece que muitos professores estão a claudicar, uns por vontade própria (?) outros por chantagens, pressões ou intimidações, os professores do Agrupamento de Escolas de Castro Daire reuniram, de novo em Plenário, para esclarecimentos e tomadas de posição.

Constatações iniciais:

Com toda esta campanha de intoxicação gerada pela inconsistência, incoerência e alguma cobardia à mistura, em que de uma quase unanimidade mostrada em duas gigantescas manifestações, se começa a assistir a um triste cenário de uma silenciosa, escondida, impávida e serena ministra a ver milhares de professores caírem-lhe derrotados aos pés, resta às Escolas e respectivos professores que se mantêm irredutíveis nas suas convicções, certos da razão que lhes assiste, continuar a sua luta contra esta ignomínia ministerial!

Estas «baixas» do lado dos Professores, que fazem babar de gozo alguns «boys (e girls) arraçados de Hitler» instalados nas cadeiras e, fácil e indecentemente, deixam que a ganância do poder lhes apague toda a dignidade e honestidade enquanto professores, apenas pode reforçar as «ganas» dos que resistem, mostram verticalidade, coerência e mantêm as suas escolas imunes a esse cancro que a ministra tanto quis que padecessem: confusão, discussão, luta hierárquica, enfim, uma verdadeira guerrilha intra-escola, com política à mistura (ou não fosse ela a maior das podridões deste país). O Valter Lemos (esse grandioso Estadista) quando comentava as recentes e enormes manifestações e greves com um lacónico «… é mais uma!» bem sabia que vive num país de brandos costumes e, pior que isso, branda gente que chegada a hora da sua manifestação individual, sem ter 199 999 colegas ao lado a abafar-lhe o protagonismo, se deixam cair que nem um castelo de cartas.

Depois desta espécie de «estado da arte» nesta altura, os OUTROS professores, os que são castelos de betão, representados condignamente pelos seus Presidentes de Executivo que com eles partilham ideias e convicções, resolvem mostrar à tutela que o armistício que julgavam estar a alcançar facilmente a seu favor não, passa ainda de pura ilusão.

Foi, pois, perante estes factos, que 212 PCEs reuniram em Coimbra, no dia 7 de Fevereiro e desse encontro resultou um fumo que poucos julgariam tão branco! E branco porquê? Porque todos os Presidente (mesmo todos, até alguns que, é sabido, nas suas escolas têm, no mínimo, notificado professores para obedecerem ao monstro) assinaram decisões cujo nosso Presidente teve a gentileza de nos transmitir logo na abertura do Plenário, onde estavam cerca de 75% dos professores do Agrupamento e duas representantes sindicais convidadas.

De um plenário que se esperava «quente», ou não houvessem opiniões divergentes já previamente conhecidas, e depois do Presidente transmitir aos presentes as suas posições, quer nessa qualidade, quer na outra que orgulhosamente mantém, acreditem que após o seu discurso, e depois de pequenas dúvidas circunstanciais e da intervenção das sindicalistas que pouco disseram que com Agrupamentos assim seria fácil levar a nossa luta a bom porto, toda a gente saiu tranquila e sorridente do plenário, carregando consigo apenas a responsabilidade individual das suas acções futuras, principalmente quanto à entrega, ou não, dos objectivos individuais. Todos, mesmo os não presentes, depois de ouvirem o Presidente ou lerem os documentos anexos, sabem que absolutamente nada extrínseco a si próprio os obrigará à entrega dos malfadados objectivos individuais.

Se eu, enquanto professor deste Agrupamento sempre me senti confortável nesta batalha e, juntamente com a esmagadora maioria dos meus colegas ignoramos as monstruosidades ministeriais, certos de que a única coisa de que podemos ser «acusados» é da total disponibilidade para a nossa Escola os para os nossos alunos e neles centrarmos todo o nosso trabalho, deste plenário saímos como que aveludados e carregados de serenidade.

Lendo os documentos anexos que demonstram categoricamente a nossa tomada de posição, a Liberdade e a Democracia saíram reforçadas deste encontro, sendo que cada professor apenas terá de obedecer a uma Ministra chamada «Consciência»!

Nada mais do que isso!

Paulo Carvalho – Agrupamento de Escolas de Castro Daire

Documentos anexos de leitura fundamental

comunicado-final-da-reuniao-de-coimbra

intervencao

lei-sobre-os-oi





PARA TIRAR DÚVIDAS E (IMAGINE-SE) MEDOS!!!

25 01 2009

Aqui fica, colegas, um documento oficial emanado do Sindicato e que devem ler com muita atenção, sobretudo aqueles professores que, de uma renuncia completa à entrega de objectivos e palavras de ordem junto 120000 colegas, estão agora amedrontados com as novas directivas deste tresloucado ME e, receosos de represálias que lhes coloquem a vida profissional em risco, estão agora, qual carneirinhos, a entregar objectivos mínimos e, assim, deporem as armas, entregando a vitória a um Ministério que mais não tem feito do que gozar connosco, isto para ser leve na expressão.

LEIAM COM MUITA ATENÇÃO (BASTA CLICAR):

esclarecimentos-sobre-as-implicacoes-da-nao-entrega-de-objectivos1





RECADO AO SR. ALBINO ALMEIDA

25 01 2009

Colegas e amigos:

Depois do Sr. Albino Almeida, e a propósito das greves dos professores, ter tido esta brilhante ideia (ler aqui), eis que alguém que lhe dedicou uns minutos de escrita em seu louvor.

Devo dizer que, apesar de me demarcar de algumas passagens linguísticas, o texto é arrebatador e ainda que o Sr. Almeida o tente ignorar,  ficar-lhe-ão a pesar na consciência as monstruosas verdades que enumera,  sendo que a sua posição perante os professores e a Escola não pode voltar a ser a mesma.

Amigos: Sei que são toneladas de informação e textos e artigos e o diabo a sete todos os dias e a maioria nem ligamos, mas não vos perdoo se não lerem este texto. Verão que à segunda linha, desejam ardentemente continuar e continuar… Absolutamente soberbo!

Basta clicar:   http://sinistraministra.blogspot.com/2009/01/albino-almeida-pe-me-uns-binculos-e.html

Paulo Carvalho





PONHAM AQUI OS OLHOS, SRs PROFESSORES!

21 01 2009

Ultimamente, e por falta de tempo, o meu repúdio a este Governo, sobretudo a este ME, tem sido mais praticado do que escrito. Pratico (faço todas as greves, ignoro por completo qualquer acto relacionado com esta fantochada de avaliação e prefiro dedicar-me à minha escola e aos meus alunos) porque não tenho MEDO. No dia que eu tiver medo de um Governo do meu País, suicido-me!

É exactamente pela tristeza que sinto de ver muitos colegas perderem o fôlego nesta luta, por manifesto medo ( até de serem exonerados, eu já ouvi!) que resolvi aqui publicar um texto sublime de uma colega de Barcelos!

Ponham-lhe os olhos! Meditem nele! Acreditem que não podemos deixar-nos vencer pelo medo! E como diz Barack Obama: «yes, we can!!!»

Onde estais vós, gente de pouca fé?! Hoje dói-me a alma, a desilusão apoderou-se de mim. Tenho vergonha de pertencer a uma classe de professores que tem medo; que não acredita que para se conseguir algo são necessários sacrifícios; que é agora ou nunca; que o tempo urge; que já não há que acreditar em falsas promessas. O hoje passou e o amanhã não será melhor, se nada fizermos. Onde pára essa gente de fortes convicções? Estou cansada de ouvir tantos disparates, tanta caricaturização, tanta justificação, tanta falta de informação !!! Onde estão os 120 mil ? Fizeram como a avestruz?
Hoje confirmei que portugueses há muitos, mas quero aqui tecer um elogio a todos aqueles que acreditam e têm vontade de mudar este país.
Tenho vergonha dos nossos representantes políticos. Politizaram uma questão tão séria como é o ensino público, pondo em risco a continuação de um ensino público credível, brincaram com a vida de 120 mil profissionais.
Não sou fundamentalista, mas temo pela democracia neste país e quero que os meus filhos vivam em democracia.
Nestes últimos anos senti-me ultrajada por um ministério que não me respeita.
Hoje dei mais um passo em frente… não entrego, nem entregarei os objectivos individuais, faço uma greve por período indeterminado, faço tudo o que ainda estiver ao meu alcance para derrubar esta política de ensino insana. Não aceito que um ano de luta acabe por “parir” um rato.Não me venham com a treta de que devo ter outros meios de me sustentar. Não, não tenho. Tenho quatro filhos a estudar, um na Universidade, um apartamento e um carro que pago às prestações e todas as despesas inerentes a uma família numerosa. Não tenho pais ricos, aliás a minha mãe é viúva e aposentada. Ah! e já não tenho marido.
Quando ouço alguns colegas que desabafam “Ai, eu tenho um filho a estudar na universidade e não posso perder parte do meu ordenado”… Pois eu também tenho um na universidade e mais três em idade escolar.
Esses três mais novos acompanharam-me a Lisboa, quis dar-lhes uma lição de democracia ao vivo e a cores e quero ser um exemplo para eles. Quero que eles no futuro sigam o meu exemplo, não aceitem nada com base no medo, que lutem pelos seus ideais, que sejam gente com valores, carácter, com fortes convicções e cidadãos bem formados.

Maria da Glória Costa, uma mulher de uma só cara!

(Escola Secundária de Barcelos)

postado por Paulo Carvalho





ESTE É ESPECIAL PARA MIM!

19 01 2009

Convosco quero partilhar mais um desabafo de uma professora! Contudo, este tem para mim um significado especial, pois é da autoria de uma amiga e colega de escola!

O que é ser Professor?

É ensinar os alunos com o coração e corrigi-los com a cabeça…

Sabedoria + Firmeza de Carácter

Eis a fórmula do SUCESSO!

Porém, só é possível de levar à prática, com doses infinitas de paciência, disponibilidade total e nervos de aço.

Quem quiser experimentar esta realidade terá de ser capaz de se reinventar, na Escola, a cada momento. Ter presente que, em casa, também é indispensável trabalhar muito, muitíssimo, para a Escola. Todos os dias e mais intensamente aos Fins-de-Semana.

A Família, essa, fica com as migalhas da atenção que restam das 24 horas de um Professor.

Quando caio em mim só posso pensar:

“A mãe, a esposa, a mulher, onde está? “

Quisera a Sr.a Ministra da Educação entrar na aventura de acompanhar os meus “passos”, somente oito dias, que, com toda a certeza não chegaria ao fim, seria vencida pelo desalento. Sim, porque a ficção do Seu Gabinete nada tem a ver com a realidade; sou realmente professora e uma professora real!

É claro, Sr.a Ministra, neste desafio que lhe lanço de me acompanhar, me reservo o privilégio de não a ter por perto nos momentos mais íntimos!!! Mas, em abono da verdade, haverá tempo para isso?

Podem acreditar, os milagres existem!…

Quer avaliar-me? Pois bem, eu não quero brincar às aulas assistidas. Não quero 2 aulas assistidas, mas sim 222 ou 2222, todas! Todas são diferentes e de significativa importância. Não vamos lá com amostras de “fantochadas” para “Inglês ver”…

Tirar ao meu precioso tempo, mais do que necessário para ensinar, horas e horas para “encher” papéis, deixar de ouvir e acompanhar os meus alunos, porque estaria ” excessivamente ocupada” com a avaliação, não, isso não!

No meu dia-a-dia, estão os problemas, os desafios, para formar jovens, pessoas, cidadãos com sentido de justiça, sentido de dever, sentido de responsabilidade e muito SABER… Contudo, a cada um, cabe o direito de lhe ser dado o que de melhor pode ter uma Escola Pública e, esse é, acima de tudo, o meu dever.

Deixem-nos ser Professores, se nos permitirem continuaremos a poder ser Professores EXCELENTES!

Desabafos de uma Professora

do 2º Ciclo do Ensino Básico

em exercício há 21 anos





10 de Janeiro 2009 – LEMBRAM-SE???

10 01 2009

FAZ UM ANO QUE FOI PUBLICADO O  DECRETO REGULAMENTAR 2/2008.
FAZ UM ANO EM QUE TODA UMA CLASSE  SE INSURGIU, EM UNÍSSONO

FAZ UM ANO EM QUE COMEÇÁMOS A FAZER  HISTÓRIA

DESDE ENTÃO, DURANTE UM LONGO  ANO:

REVOLTÁMO-NOS,  UNIMO-NOS;
REDIGIMOS DECLARAÇÕES,  MOÇÕES;

PARTILHÁMOS PROTESTOS,  IDEIAS;
CRIÁMOS MOVIMENTOS,  ORGANIZÁMO-NOS;
FIZEMOS GREVE,  MANIFESTÁMO-NOS;
ERGUEMOS A CABEÇA,  ORGULHÁMO-NOS.
UM ANO DEPOIS, VAIS DEIXAR RUIR O  QUE CONSTRUÍMOS, TÃO DURAMENTE????????

FÁTIMA INÁCIO GOMES

postado por Paulo Carvalho





TEXTO FABULOSO DE LÍDIA JORGE

10 01 2009

Lídia Jorge – Público – 2009.01.09

A titularidade foi dada a professores bons, excelentes, maus e muito maus. Não premiou nada, porque baralhou tudo

1.Ficarão por muito tempo célebres os braços-de-ferro que Margaret Thatcher manteve com os sindicatos do Reino Unido, como conseguiu vencê-los, e como à medida que os humilhava, mais ia ganhando o eleitorado do seu país. Na altura a primeira-ministra britânica era a voz da modernidade liberal, criou discípulos por toda parte, e ainda hoje, apesar do negrume da sua era, há quem se refira à sua coragem como protótipo da determinação governativa. Mas neste diferendo que opõe professores e Governo, está enganado quem associa o seu perfil ao de Maria de Lurdes Rodrigues. Se alguma associação deve ser feita – e só no plano da determinação -, é bom que o faça directamente com a pessoa do primeiro-ministro.
De facto, a equipa deste Ministério da Educação tem-se mantido coesa, iniciou reformas aguardadas há décadas, soube transferir para o plano da realidade as mudanças que em António Guterres foram enunciadas como paixão, conseguiu que o país discutisse a instrução como assunto de primeira grandeza, fez habitar as escolas a tempo inteiro, fez ver aos professores que o magistério não era mais uma profissão de part-time, arrancou crianças de espaços pedagógicos inóspitos, e muitos de nós pensámos que a escola portuguesa ia partir na direcção certa. Quando José Sócrates saía com todos os ministros para a rua, nos inícios dos anos lectivos, via-se nesse gesto uma determinação reformista que augurava um caminho de rigor. Não admira que o primeiro-ministro várias vezes tenha falado do óbvio – que era necessário determinar quem eram, na escola portuguesa, os professores de excelência. Era preciso identificá-los, promovê-los, responsabilizá-los, outorgar-lhes credenciais de liderança. Era fundamental que se procedesse à sua escolha. Mas a sua equipa legislou sobre o assunto e infelizmente errou.

2.Errou ao criar, de um momento para o outro, duas categorias distintas, quando a escola portuguesa não se encontrava preparada para uma diferenciação dual. A escola portuguesa tinha o defeito de não diferenciar, mas tinha a virtude de cooperar. O prestígio do professor junto dos alunos e dos colegas não era contabilizado, mas era a medida da sua avaliação. Pode dizer-se que era uma escola artesanal que necessitava de uma outra sofisticação. Mas, para se proceder a essa modificação com êxito, era preciso compreender os mecanismos que a sustentavam há décadas, e tomar cuidado em não humilhar uma classe deprimida, a sofrer dia a dia o efeito de uma erosão educacional que se faz sentir à escala global. Só que em vez da aplicação cuidadosa e gradual de um processo de mudança, a equipa do Ministério da Educação resolveu criar um quadro de professores titulares, a esmo, à força e à pressa. No afã de encontrar a excelência, em vez de se aplicar critérios de escolha pedagógica e científica, aplicaram-se critérios administrativos, de tal modo aleatórios que deixaram de fora grande percentagem de professores excelentes, muitas vezes os responsáveis directos pelo êxito pedagógico das escolas.
O alvoroço que essa busca de um quadro de excelência criou está longe de ser descrito devidamente. Basta visitar algumas escolas para se perceber como a titularidade está distribuída a professores bons, excelentes, mas também a maus e muito maus, e foi negada a professores competentes. Isto é, criou-se um esquema que não premiou nada, porque baralhou tudo. Os erros foram detectados por muita gente de boa fé, em devido tempo, mas o processo avançou, a justiça não foi reposta, nem sequer a nível da retórica política. Pelo contrário, aquilo que a razão mostrava à evidência foi sendo desmentido, adiado, ridicularizado, ou desviado para o campo da luta sindical dita de inspiração comunista.

3.O segundo instrumento ao serviço da excelência não teve melhor sorte. Era preciso inaugurar nas escolas uma cultura de responsabilidade que até agora fora relegada para determinismos de vária ordem, menos os estritamente pedagógicos, o que era um vício da escola portuguesa, pelo menos até à publicação dos rankings. Mas aí, de novo, a equipa do Ministério da Educação funcionou mal. Se os campos de avaliação do desempenho dos professores estão mais ou menos fixados, e começam a ser universais, os parâmetros em questão foram pensados por mentes burocráticas sem sentido da realidade, na pior deturpação que se pode imaginar em discípulos de Benjamin Bloom, porque um sistema que transforma cada profissional num polícia de todos os seus gestos, e dos gestos de todos os outros, instaura dentro de cada pessoa um huis clos infernal de olhares paralisantes. Ninguém melhor do que os professores sabe como a avaliação é um logro sempre que a subjectividade se transforma em numerologia. Claro que não está em causa a tentativa de quantificação, está em causa um método totalitário que se transforma num processo autofágico da actividade escolar. Aliás, só a partir da divulgação das célebres grelhas é que toda a gente passou a entender a razão da pressa na criação dos professores titulares – eles estavam destinados a ser os pilares dessa estrutura burocrática de que seriam os pivots. Isto é, quando menos se esperava, e menos falta fazia, estavam lançadas as bases para uma nova desordem na escola portuguesa. Como ultrapassá-la?

4.Não restam muitos caminhos. Ultimamente, almas de boa fé falam de cedência de parte a parte. Negociação, bondade, comissões de sábios. A questão é que não há, neste campo, nenhuma justiça salomónica a aplicar. O objecto em causa não é negociável. Tendo em conta uma erosão à vista, só a Maria de Lurdes Rodrigues, que sabe que foi longe de mais, competiria dizer “Não matem a criança, prefiro que a dêem inteira à outra”, mas já se percebeu que não o vai fazer. Obcecada pela sua missão, que começou tão bem e está terminando mal, quererá ir até ao fim, mesmo que do papel dos mil quesitos que alguém engendrou para si só reste um farrapo. É pena. Depois de ter tido a capacidade de pôr em marcha uma mudança estrutural indispensável para a modernização do ensino, acabou por não ser capaz de ultrapassar o desprezo que desde o início mostrava ter em relação aos professores. E, no entanto, numa política de rosto humano, seria justo voltar atrás, reparar os estragos, admitir o erro sem perder a face. Ou simplesmente passar o mandato a outros que possam reiniciar um novo processo.
De facto, em Portugal existem vários vícios na ascensão ao poder. Um deles consiste em não se saber entrar no poder. Pessoas sem perfil técnico, ou humano, aceitam desempenhar cargos para os quais não foram talhados. Parece que toda a gente gosta de um dia dizer ao telefone, no telejornal, “Papá, sou ministro!”, com o resultado que se conhece. Outro é não se saber sair do poder. Houve um tempo em que Mário Soares ensinou ao país como os políticos saem no tempo certo, para retomarem, quando voltam a ser úteis. Os grandes políticos conhecem a lei do pousio. E o objecto da disputa deve ser sempre mais alto do que a própria disputa. É por isso estranho e desmedido o que está a acontecer.

5.José Sócrates deverá estar a pensar que pode ter pela frente um golpe de sorte – Margaret Thatcher teve a guerra das Falklands – e até pode vir a ter uma maioria absoluta outra vez. Aliás, pelo que se ouve e vê, a frase da ministra da Educação “Perco os professores mas ganho o país”, cria efeitos de grande admiração junto duma população ansiosa por ver braços-de-ferro no ar, sobretudo se eles vierem do corpo de uma mulher. Não falta quem faça declarações de admiração à sua coragem, como se a coragem prescindisse da razoabilidade. E até é bem possível que a Plataforma Sindical um dia destes saia sorridente da 5 de Outubro com um acordo qualquer debaixo do braço, como já aconteceu.
Mas a verdade é que, a insistir-se neste plano, despropositado, está-se a fomentar uma cadeia de injustiças e inoperâncias que só a alternância democrática poderá apagar. Se José Sócrates pediu boas soluções e lhe ofereceram estas, foi enganado, e deveria repensar nos seus contratos. Mas se ele mesmo acredita neste processo kafkiano, é uma desilusão, sobretudo para os que confiaram na sua capacidade de ajudar o país a mudar. Neste momento, entre nós, a educação tornou-se uma fábula.





TIRO NOS PÉS DOS SINDICATOS

14 12 2008

Muito tenho escrito sobre esta luta que travamos com uma autista equipa ministerial que apenas quer avaliar para hierarquizar, hierarquizar com quotas, no fundo para um único objectivo: castrar carreiras e reduzir despesa pública à custa dos professores. Os professores deste país têm protagonizado uma rebelião sem precedentes contra uma brutalidade cega de um ME surdo e louco; a Ministra tem a força da Lei, nós a dos números, do senso e da razão.

O problema é que quer queiramos quer não, uma coisa chamada Sindicatos é que tem legitimidade legal para negociar e chegar à fala com a Ministra; todos sabemos que cada vez há menos professores sindicalizados (porque será?) mas o que é facto é que nesta luta dá a impressão que a plataforma sindical nos representa a todos e, pior que isso, todos concordamos com os sindicatos.

É aqui que quero deixar a minha posição pessoal de repúdio a alguns comportamentos dos sindicatos e de algumas das suas decisões. Veja-se, por exemplo, no que deu a reunião do passado dia 11 de Dezembro; tal como eu esperava, e à maneira de Valter Lemos,  foi mais uma… Mais uma reunião de surdos mudos! O ME cai no ridículo de aceitar negociar, mas sem condições, ou seja, dizem claramente que querem conversar mas informam que nada alterarão! Os sindicatos, por sua vez, levavam uma proposta de avaliação da qual, e atendendo ao tabu que dela fizeram, se esperava que fosse inovadora e que pusesse a Ministra e seus lacaios, no mínimo, a pensar, mesmo que dela desdenhassem!

Acontece que a montanha pariu um rato e qual não é o meu espanto quando vejo os Sindicatos a apresentarem uma folha A4 (a Ministra tinha razão) em que meia dúzia de princípios aludem a uma avaliação exactamente igual à que vigorou anteriormente e com a qual nenhum professor sensato pode concordar. Pois então esperavam o quê? Então toda a gente sabe que por muito espectacular que fosse a proposta dos sindicatos (não dos professores) jamais uma Ministra autoritária e prepotente, com as costas aquecidas por uma maioria parlamentar, iria aceitar, quanto mais uma vontade explícita de voltar àquilo que ela mais quer combater!

Claro que isto foi carne para os abutres (leia-se Rangeis, Tavares, Monteiros, etc), que pensam que todos os professores concordam com tal proposta. Desta vez, não tenho grandes argumentos para responder ao Rangel, como costumo!

Quero aqui dizer aos professores, aos Sindicatos e ao Ministério… e aos abutres…  que, tal como milhares de professores que têm opinião própria e não se revêem nos sindicatos, nem precisam deles para expressarem as suas teses, que preconizo uma ideia de avaliação que, se calhar de tão simples, não merece crédito! Continuo a dizer que o papel de um professor não é passar o tempo a provar que é bom profissional; o papel de um professor é ser apenas profissional de Educação e dedicar todo o seu tempo aos aspectos pedagógicos. Se o Ministério desconfia que há muitos maus professores (e com toda a legitimidade), pois bem, constituam equipas multidisciplinares de pessoas de currículo comprovado e imaculado nas diferentes áreas disciplinares e, tal como fazem nas Inspecções às Escolas, mandem-nos inspeccionar os professores; peçam-lhes o que quiserem, assistam às aulas, falem com os diferentes Órgãos da Escolas acerca dos professores, enfim… façam o que quiserem, mas com duas certezas absolutas: o avaliador tem de ter comprovadamente habilitações muito superiores às do avaliado e o professor mais não ter de fazer do que o seu trabalho normal, ou seja, pedagógico.

Portanto, mais uma vez apelo para que deixem os professores ser professores; não nos dividam, ainda por cima por critérios de idade e não de mérito, e venham à escola avaliar-nos. O que a Ministra pretende é colocar as escolas em guerra com facções de professores a disputar quotas e no fim de contas ninguém sabe quem é, afinal, bom ou mau professor em situação de sala de aula. Em muitos casos o avaliador é pior professor que o avaliado, mas como até são amigos, no final está tudo bem, ou à maneira de Sócrates… porreiro, pá! Esta é a aberração mor deste modelo!

Por este andar que ninguém espere o que quer que seja de reuniões entre este ME e estes Sindicatos! Mas há uma coisa que a Ministra pode contar: os professores são muito mais que números e que Sindicatos! Enquanto este absurdo modelo de avaliação se mantiver, recusar-nos-emos a cumpri-lo, até porque a única consequência que temos dessa atitude é a não progressão; ora, a isso estamos já habituados há uns anos!!!

Paulo Carvalho





ANÁLISE CEREBRAL A VALTER LEMOS

5 12 2008

Já aqui postei a minha opinião acerca deste incontornável vulto da política nacional. Trata-se da segunda figura do «mariadelurdismo» e tem como súbdito um tal de Jorge Pedreira que, se calhar por ser de pedra, é atirado às feras pelo Sr. Lemos, sempre que este não se julga à altura da missão; pois, mas é mesmo sempre!

Ontem houve uma excepção! Ena Ena! O Sr. lemos assumiu as rédeas e foi o único a comentar a greve de 94% dos professores portugueses. Mas antes fez a seguinte análise cerebral:

«Eh pá, eu sou o Secretário de Estado e como percebo tanto de Educação como de lagares de azeite, mando sempre o Pedreira falar; tá bem que com isso ganho duas coisas: deixo o rapaz aparecer na TV, pois sempre é mais bem parecido do que eu e, além disso, é menos um discurso que tenho de decorar e menos meia hora que perco a ajeitar a carapinha! Eh pá, mas desta vez se calhar é um bom assunto para eu aparecer e parecer que até estou por dentro dos assuntos; vou ser eu a comentar a greve; afinal de contas, nem tenho de falar propriamente nessa tal de… de… ai… como é que é… de… ahhh… educação; é isso! Eh pá, mas como é que eu vou comentar e contrapor uma greve de 94% de adesão e quase todas as escolas fechadas no país? hum… deixa cá ver… hum… Já sei! Vou ver este vídeo e aprender com este senhor; ora, os professores são as tropas americanas e nós, o ME, o Governo Iraquiano! Pois… está certo! Basta estudar e copiar o que diz Mohammed Said al-Sahaf e pronto; ajeitar a carapinha, ir às televisões e fazer o mesmo!»

Pois bem! Foi lindo de se ver o Sr. Lemos, todo janota, nas Televisões a fazer de Ministro da Informação Iraquiano aquando da Guerra; tinha o país na mão dos americanos, tinha quase as cuecas dentro da mochila dos «marines», mas com mais lata que um fábrica de conservas e uma cara mais de pau que a do pinóquio, delirava com vitórias.

Vater Lemos! A arte de transformar o número 94 no número 61 e a expressão « meia dúzia de escolas abertas» em «meia dúzia de escolas fechadas! E vá lá que nao disse: – É mais uma!!! Brilhante!

Enfim, e agora sem humores nem ironias, é de um arcaísmo confrangedor assistir a um político inútil, que mais não faz do que usar quem consegue ao menos falar, para enfrentar os media, vir a terreiro tentar disfarçar o indisfarçável, e evitar o inevitável! Que papel mais ridículo!

Mas há uma coisa que se conclui e essa é a de que a Ministra é de facto inteligente e, hibernando no dia da greve, deu a Valter Lemos essa palerma missão! Ora, que ninguém ouse dizer que não lhe encaixou que nem uma luva!

Paulo Carvalho